quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pensamento múltiplo e crítico


Quero registrar aqui um pouco do conhecimento que aprendi nos últimos anos, em particular nos últimos dois anos, estudando sobre filosofias…
Sobre a Educação
Antes de tudo, quero agradecer o meu Educador Donizete Soares, que superou quaisquer diferenças – ideológicas, econômicas, sociais… em causa do Amor ao conhecimento… Também quero dizer que somente neste momento – após dois anos servindo e amando o conhecimento – percebo sua verdadeira grandeza. Em outras palavras: ele criou as condições necessárias para me transmitir o conhecimento… que em meu ponto de vista, só é possível se houver Amor e respeito entre as pessoas…
Muito diferente, portanto, das Intituições que, geralmente, optam pela fria relação do saber com seus alunos, não é? Será possível aprender e ao mesmo tempo ser criativo numa Instituição?
Mas, voltando ao Donizete, é meu dever moral, concluindo, lembrá-lo e citá-lo em meus textos… pois sua abordagem é próxima ao ideal de Educação do homem grego, cujo propósito era se tornar herói…
Obs. podemos lembrar da tragetória de Hércules, recuperando sua honra como ideal de Educação grega…
Sobre a busca pela verdade e vaidade
Numa de nossas conversas, falávamos sobre a diferença entre a busca pela verdade e a vaidade… Compreendi, naquele momento, o contraste entre ambos: enquanto o primeiro é elevado de grandeza, pois tem a ver com a curiosidade inata dos homens, o segundo é privado dela, atendo-se às mazelas da humanidade…
Exemplo semelhante ocorre quando um homem se encanta pela imortalidade da alma, mas acaba perdendo o espanto e encantamento pelo conhecimento.
Isso, geralmente, é provocado pela sociedade, que pressiona o indivíduo a desempenhar um determinado papel social… Mas onde fica o indivíduo nesta história? Por isso a necessidade do autoconhecimento, não é?
Sobre a Sabedoria
É possível que somente nos aproximemos da Sabedoria quando velhos… A força de jovialidade, talvez, dificulte o exercício do pensamento, ou a suspensão da crítica provisória e a análise múltipla de possibilidades… Por outro lado, o exercício da velhice, talvez, seja cultivar a ousadia da juventude, ou questionar quaisquer autoridades, leis, normas, preceitos…
Obs. penso que a figura de Sócrates é a Sabedoria encarnada, ou o mais próximo que se chegou dela…
Sobre a amizade
Esta parte tem a ver com meu amigo Ricardo Mellão. No nosso dia-a-dia, aprendemos muito um com o outro – pressuposto importante para qualquer relação de amizade, não é?
Geralmente, conversamos sobre questões conflitantes. Colocamos nossos modos diferentes de olhar o mundo em colisão… mas o mais surpreendente é nossa capacidade de síntese (ou superação) de nossos próprios preconceitos… Sinto-me – e tenho certeza que ele também – fortalecido a cada conversa… Impressiona-me sua capacidade de relacionar conceitos e humildade – mais um pressuposto importante para o conhecimento, não é?
Estabelecemos, talvez, um ideal de amizade: a valorização do conhecimento como eixo, mas em volta disto a admiração, o respeito, a alegria, a solidariedade…
Obs. parece-me difícil ter uma relação assim nos dias de hoje… as pessoas, em geral, estão mergulhadas em atividades corriqueiras…
Sobre o conflito
Num diálogo com o Ricardo, concordamos sobre a tese da relação conflituosa do homem com a natureza. Em resumo: sabemos que vamos morrer, pois enterramos os mortos; os animais não sabem; estabelecemos, assim, uma relação conflitante entre a vida e a morte; a cultura é fruto desta relação (conhecimento filosófico, arte, religião, ciência etc).
Em nosso ponto de vista – e certamente de outros também – o mito, a religião e, principalmente, o capitalismo são maneiras dos homens dirigirem os desdobramentos que surgem desta relação vida/morte… O que você acha disso?
Sobre a política
É possível que a única maneira de estabelecer uma relação de suposta igualdade entre homens seja pela política, que busca esconder o conflito… Mas ele continua lá no interior das relações, não é? O mito, por sua vez, implica outra forma de convívio, mas pela vontade dos Deuses…
Será possível superar o mito e a política?
Incitar as contradições
É, talvez, a única alternativa para a Ética… Se somos seres em conflito, não seria melhor incitar as contradições ao invés de escondê-las por meio da retórica? É possível que, incitando as contradições, os diálogos se tornem mais verdadeiros e honestos…
Obs. tenho a sorte de conhecer o Donizete e o Ricardo, pois ambos adoram incitar as contradições… e o mais interessante é que logo depois dum diálogo acalentado, temos a capacidade de nos divertir e rir de nós mesmos… de nossa ridícula condição humana!
Sobre o capitalismo
Quero apontar pelo menos um desdobramento do capitalismo: a fome, a miséria e a concentração de poder não são pré requisitos para o funcionamento do sistema? Veja com seus próprios olhos!! Observe a máxima: não faça ao próximo aquilo que não gostaria que fizessem com você… Pergunto: você gostaria de ser o miserável ou o indigente da história?
Outro ponto: ao que parece, o homem está começando a rever sua relação com a natureza, principalmente por causa do aquecimento global… Podemos observar este movimento pelas ONGs e governos se posicionando a favor duma nova economia, não é? Seria uma mudança global ou apenas um movimento pontual? Supondo que revisitemos nossa relação com a natureza, para onde o conflito será dirigido? Ou melhor, ele será dirigido para outra coisa?
A necessidade da Solidariedade
Um sinal de amadurecimento é perceber que não somos nós que definimos nossas qualidades, e sim os outros. Ora, se somos alguém porque alguém disse, não devemos no mínimo ser solidários? E o que é ser solidário? Seria respeitar e amar o próximo? O que você acha?
O que é A verdade?
Tavez a verdade exista, mas não conseguimos alcançá-la… Aliás, ela não está no domínio da filosofia, embora seja sua razão de ser… Sendo crítica, ela necessita da multiplicidade para sobreviver… A verdade é unidade, e não multiplicidade, dado que é A verdade, e não as verdades…
Mas o mais bonito é que, mesmo sabendo que ela não pode (e não deve) ser alcançada – caso contrário, a filosofia deixa de existir – os filósofos continuam a procurá-la… apenas por serem amantes do conhecimento. Precisam dela para viver. Procuram por ela, quando estão tristes (ou felizes). Escrevem sobre ela, falam sobre ela, pensam nela! E ela também lhes responde, por meio da meditação, intuição, reflexão…
Na verdade, ela só existe porque eles pensam que ela existe… e isso a torna mágica, interessante, intrigante…
Diferentemente da religião ou do mito, a filosofia não cria verdades. Ao contrário!! Ela faz a crítica!! Deve, portanto, agradecer aos legisladores do conhecimento (aqueles que criam as verdades)…
Até logo, Marcos Amaro
Texto retirado do blog Antes dos 30; http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/antes-dos-30/2011/01/17/pensamento-multiplo-e-critico/